Por Soraya Medeiros-Gazeta Digital
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Cerca de 24,8 mil perícias médicas deixaram de ser feitas nas agências da regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de Cuiabá, desde o dia 4 de setembro, quando teve início a paralisação dos peritos médicos previdenciários.
A demanda mensal é de aproximadamente 9 mil perícias, mas desde o início da greve o número caiu para 2,5 mil. Ao todo, 35 profissionais atuam em 12 agências de Cuiabá. Além disso, 12 peritos médicos atendem os postos de Sinop e região.
A dificuldade para marcar consultas ocorre porque apenas 30% da categoria está trabalhando. A perícia médica é requisito para benefícios como aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, reconhecimento de acidentes de trabalho e auxílio-doença.
De acordo com o delegado da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), Birston Cristiano da Silva, a categoria reivindica reajuste salarial de 27,5%, reestruturação da carreira, fim da contratação de peritos terceirizados e a garantia de 30 horas de trabalho semanais. Além das questões de salubridade das agências.
Cristiano informa que além de cobrar a contratação de mais vigilantes, a categoria pede a instalação de itens de segurança, tal como detector de metais, a fim de garantir a integridade física do médico e da população em geral.
"Sabemos que a violência está em alta e muitas agências não têm segurança nenhuma.Então como vamos trabalhar sabendo que a qualquer momento podemos ser assaltados", alertou.
Para o pedreiro Carlos Augusto da Silva, de 35 anos, do bairro Canjica, está aguardando a perícia médica para dar entrada no auxílio-doença. Há 3 meses foi vítima de atropelamento e, desde então, está afastada do trabalho.
"Minha perícia estava marcada para o dia 25 de setembro, só que com a greve tiveram que agendar para dezembro. "Sou pai de família, como vou sustentar meus filhos se não posso receber o auxílio. Isso é um descaso com o trabalhador, porque pagamos a previdência e na hora que precisamos temos que esperar".
Já o vigilante Francisco Martins, 64, de Várzea Grande, foi outro que esteve na agência do órgão para realizar a perícia. A exemplo de Carlos, ele conseguiu atendimento após esperar por quase três horas além do horário que havia sido agendado. "Pelo menos estão atendendo", resumiu. Mas segundo apurou a reportagem houve pessoas que tiveram suas perícias remarcadas.
A assessoria de comunicação da Previdência Social informa que o segurado pode ligar antes da data da perícia para a Central (telefone 135) para confirmar se a data foi mantida ou agendada para outro dia.
Cristiano disse que a categoria está aguardando um posicionamento do Ministério do Planejamento. "Estava marcado uma nova proposta para esta semana. Só que sabemos que esta semana não sairá nada, porque amanhã é feriado.
“Como sinalizaram uma negociação, vamos esperar essa nova oferta para realizar possíveis assembleias regionais. Enquanto isso, continuamos com a greve".
Segundo a assessoria de comunicação da Previdência informa que não possui o número de profissionais que aderiu à greve, mas esclarece que as negociações entre o Ministério de Planejamento e representantes da categoria estão em andamento.
A regional do INSS de Cuiabá abrange as cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Barra do Garça, Tangará da Serra, Cáceres, Jaciara, entre outras.